A Esperança é a Primeira que Ressuscita
por Jucineide Carvalho
A esperança é a última que morre. Pelo menos esse é um ditado popular muito usado na língua portuguesa e com algumas variações na língua inglesa.
Quero refletir juntamente contigo, que a esperança pode até morrer, mas, em nossas vidas e, especialmente, em minha vida, foi a primeira a ressuscitar em meu relacionamento com Deus.
Há, pelo menos, três aspectos que fundamentalmente me fizeram olhar menos para Deus: a infrequência no discipulado, a falta de abertura no discipulado e achar que isso era normal no processo de amadurecimento cristão. Vou ampliar meu olhar e experiência sobre cada um.
1. A infrequência no discipulado: apesar de discipulado não ser uma consulta gestacional em que, após muitas pesquisas, obstetras definirem quantos exames e quantas vezes precisamos ir aos consultórios ao longo das semanas, o discipulado é uma disciplina espiritual. Na Bíblia, de Adão, em Gênesis a João, em Apocalipse (para falar de pessoas), a união, o aconselhamento e a oração entre irmãos e irmãs sempre foram relevantes no relacionamento com Deus.
A ausência dele também apresenta vários maus resultados nas vidas de Arão, Miriã, Davi, Mical, Vasti, Sansão e tantos outros. Obviamente, essa infrequência já resultou falta de fé, de esperança, um olhar estranho e ridículo para o que já sei que não faz sentido no mundo e até uma valorização maior do que não agrada a Deus do que o agrada. Hoje, compreendo a loucura, mas, no meio do furacão de sentimentos, a gente acha que o errado está certo, vide as decisões horrorosas de Davi (2 Samuel 11 e 12) e Vasti (Ester 1).
Assim, se há um conselho que Adão, Miriã, Davi, Mical, Vasti, Sansão e eu daríamos a qualquer cristão da geração atual e futura é: seja frequente no discipulado. Deus criou essa disciplina com o objetivo de estarmos unidos n’Ele. É um mecanismo de defesa ao meu bem mais precioso que é a nossa salvação.
2. A falta de abertura no discipulado: aprofundando um pouco, é preciso dizer que apenas ir aos encontros de discipulado não causam essa união que Deus tem como objetivo quando criou essa disciplinas. Mas, preciso confidenciar que ser superficial no mundo é muito fácil e, no discipulado, infelizmente, também é.
É possível estar num encontro, orar junto, ler as escrituras, falar o que compreende e não pedir ajuda sobre as dificuldades da vida, não pedir ajuda em oração sobre ocorrências complicadas e, até mesmo, não trazer à luz atos que estão impedindo de as bençãos chegarem, como está escrito em Tiago 5:16 - Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.
A partir da adolescência, nossa desconfiança nas pessoas só cresce e esse é um dos motivos de maior dificuldade de abertura dos problemas e pecados no discipulado. Temos medo de revelar quem realmente somos. Sei disso, pois, o tema reputação para mim é muito caro. Tenho essa dificuldade também. Porém, se colocarmos uma boa lupa nessa escritura e em outras, o ponto não é que outra pessoa tem o poder de nos perdoar. É que Deus reconhece essa nossa necessidade de desabafo, olhar de fora e com experiências outras para nosso problema. De um certo modo, fazemos isso com colegas, amigos, profissionais. O discipulado é um espaço privilegiado onde Deus e sua palavra são as principais referências. Já cheguei a esses encontros com uma lista mental de pedidos de ajuda e saí sem expressar nenhum.
Infelizmente, também já falei do assunto mais simples e exclui o mais complexo. Ambas as decisões afastaram a minha fé no poder de Deus, me fizeram não priorizar outras disciplinas como a leitura e meditação na palavra de Deus, a união com os irmãos na fé, e até mesmo negligenciar orientações divinas e exemplos de gratidão de irmãos do primeiro século quanto às ofertas financeiras.
Hoje, a cada encontro de discipulado, saio com uma leveza de que não falei com nenhuma pessoa desprovida de erro, mas, com a certeza de que Deus usou cada segundo para que estivéssemos mais perto d’Ele.
3. Achar que não ter discipulado ou não ser aberto é normal no processo de amadurecimento cristão: essa terceira camada é ainda mais perniciosa, porque é uma imaturidade camuflada de maturidade. Tem um trecho sobre ingratidão em Deut. 8:10-20 que recomendo a meditação. Especialmente nos versículos 17 e 18:
Não digam, pois, em seu coração: "A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza". 18 Mas, lembrem-se do Senhor, do seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza. - Deuteronômio 8:17-18
Não é nossa capacidade ou nosso tempo como cristãos que fazem de nós pessoas que precisam menos de aconselhamento, de um espaço de pedido de ajuda, de troca sobre o poder e a orientação de Deus para a vida. Felizmente, ao contrário, mesmo com o tempo, o discipulado continua sendo uma disciplina espiritual. É certo que, com as experiências de vida cristã, as necessidades, as dificuldades e os pecados são outros, mas, pela própria condição humana, eles continuam a existir. Com cinco anos de cristã, já me achava madura e comecei a espaçar ou cancelar encontros de discipulado.
Resultado: fé fraca! Anos depois me achei super forte e, pasmem, caí no mesmo erro. O que aprendi: tempo de casa com Deus não altera os itens da armadura espiritual necessários para que nos fortaleçamos “no Senhor e no seu forte poder”, como está escrito em Efésios 6: 10. A armadura precisa estar completa em todas as etapas da vida cristã: verdade, justiça, evangelismo, fé, salvação, palavra de Deus, oração, perseverança por todos. (Efésios 6: 14-18). E, por que com o tempo, o discipulado não perde sua função? É que se trata de uma disciplina espiritual, irmã e irmão. Não é uma moda, uma tendência, uma trend. É nossa essência divina e sua necessidade.
O discipulado é o método traçado por Cristo, em que, por intermédio de um relacionamento, um discípulo leva outro a um comprometimento com o Senhor, incentivando-o a ser imitador do Mestre, crescendo em maturidade e gerando novos discípulos deste. (MARTINS, 2021, p. 17).
A esperança é um elemento que Deus nos dá como um presente para, em meio aos deslizes que demos, reconhecer e recomeçar. Minha reflexão aqui é de orarmos a Deus pelo retorno verdadeiro ao discipulado que Deus orienta em que, juntos, nos aproximamos do Senhor que nos orienta e cuida, individual e coletivamente.
Jucineide Carvalho foi batizada em 1998. Ela é casada há 22 anos com Valter Aquino e tem um filho, Vinicius, que tem 10 anos.
Atualmente, a Jucineide tem tido a honra de servir no ministério das crianças, na formação de professores aliando os conhecimentos da pedagogia ao ensino lúdico da Palavra de Deus, adequando às idades das crianças. O marido dela, Valter, é professor do grupo de crianças de 8 a 12 anos.
0 Comments